BATALHA - TOMAR
À chegada a Tomar demos entrada no sempre agradável Parque de Campismo onde 2Pax + AC + duche quente + eletricidade não chega a € 10,00.
Da parte de tarde com o tempo desagradável apontamos como destino o Convento de Cristo que já não visitava há cerca 4 anos.
Curioso por visitar a ''charola'' já que foi objecto de restauro há cerca de um ano.
Antes de encetarmos a subida, ainda visitamos a Igreja de S. João Batista sendo que os nossos amigos preferiram aguardar pelo vaivém que os levaria até lá.
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Igreja S, João Batista - Matriz |
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Matriz |
Convento de Cristo é o nome pelo qual é geralmente conhecido
o conjunto monumental constituído pelo Castelo Templário de Tomar, o convento
da Ordem de Cristo da época do Renascimento, a cerca conventual, hoje conhecida
por Mata dos Sete Montes, a Ermida da Imaculada Conceição e o aqueduto
conventual, também conhecido por Aqueduto dos Pegões.
O castelo teve a sua fundação em 1160 e compreendia a vila murada, o terreiro e a casa militar situada entre a casa do Mestre, a Alcáçova, e o oratório dos cavaleiros, em rotunda, a Charola, esta concluída em 1190.
Em 1420, com o castelo então sede da Ordem de Cristo, o Infante D. Henrique, o Navegador, transforma a casa militar num convento, para o ramo de religiosos contemplativos que ele introduz na Ordem de Cristo, e adapta a Alcáçova para sua casa senhorial.
No início do século XVI, D. Manuel I, Rei e Governador da Ordem de Cristo amplia a Rotunda templária para ocidente, com uma nova construção extramuros, a qual inicia um discurso decorativo que celebra as descobertas marítimas portuguesa, a mística da Ordem de Cristo e da Coroa numa grandiosa manifestação de poder e de fé.
A partir de 1531, com a reforma da Ordem de Cristo, por D. João III, vai ser construído o grandioso convento do renascimento, contra o flanco poente do castelo, e rodeando a Nave Manuelina. O convento verá a sua conclusão com o aqueduto com cerca de 6 km de extensão, com Filipe II de Espanha, e com os edifícios da Enfermaria e da Botica, no tempo que sucedeu à guerra da Restauração.
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A ''charola'' que já conhecia mas antes do restauro |
O conjunto destes espaços, construídos ao longo de séculos, faz do Convento de Cristo um grandioso complexo monumental que mereceu a classificação de Património da Humanidade, pela UNESCO.
A Charola era o
oratório privativo dos Cavaleiros, no interior da fortaleza. A sua tipologia é
comum das igrejas bizantinas, a qual volta a integrar o românico com o
movimento das Cruzadas.
Nesta tipologia o templo tem como base uma planta se desenvolve em torno de um espaço central, o qual, na rotunda templária, tem a forma de um prisma octogonal, ou tambor, que se desdobra em dezasseis faces no paramento do deambulatório, encerrando deste modo a volumetria do edifício. Concluída em 1190, a Charola tinha a entrada virada a oriente. Foram as obras de D. Manuel I que a estabeleceram a sul, na nave com que ampliou a igreja, extramuros do castelo.

Já com o castelo sede dos cavaleiros de Cristo, o Infante D. Henrique, governador e regedor da Ordem de 1420 a 1460, irá fazer as primeiras alterações na rotunda templária com vista a dotá-la dos requisitos espaciais com vista a aí se desenrolar as funções litúrgicas do ramo de frades contemplativos que ele entretanto introduzira na Milícia de Cristo. Para tal ele vai abrir dois janelões no paramento dos dois tramos do deambulatório virados a poente, para depois aí instalar, pendurado na alvenaria um coro em madeira. Ao mesmo tempo faz abrir quatro capelas nas paredes do deambulatório orientadas a NE, NO, SE e SO. Nos restantes tramos instala altares circundando o deambulatório.

Com a ampliação do espaço litúrgico por D. Manuel I, são removidos os madeiramentos do Infante e os tramos dos janelões são definitivamente abatidos para dar lugar ao vão do arco triunfal que articula o espaço templário com a nave manuelina. A Charola passará então a funcionar como capela-mor da nova igreja conventual. Será enriquecida com obra de arte sacra que incluiu escultura, pintura sobre madeira e sobre couro, pintura mural e estuques. Particularmente importante foi a descoberta, nos nossos dias, de pinturas manuelinas a abóbada do deambulatório, e que haviam sido recobertas de cal em época posterior ao terramoto de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir no edifício.
O seu restauro ocorreu entre 1987 e 2014.
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A janela 'Manuelina' |
A Nave manuelina, tanto internamente como exteriormente, é
guarnecida de uma profusa ornamentação escultórica simbólica, heráldica e
sacra. Todos os elementos arquitectónicos, cimalha, pináculos, contrafortes,
janelas, etc., são envoltos numa profunda plasticidade que os temas figurativos
lhes conferem, a ponto de dissimularem as suas funções arquitectónicas e
estruturais.
O caso mais emblemático deste tratamento formal, são as janelas da sacristia manuelina dita "Casa do Capítulo". Inicialmente em número de três, chegaram aos nossos dias duas: Uma, em segunda luz, virada a sul, é visível do Claustro Principal, a outra, na fachada ocidental, é a famosamente conhecida por Janela do Capítulo.
Ladeada por dois gigantescos contrafortes, ou botaréus, esta janela é ornada por um exuberante universo figurativo onde estão presentes os temas de marinhagem - a madeira, o cordame, as bóias, etc., - as insígnias da Ordem - a cruz heráldica, esfera armilar, o brasão do reino, - e figurações simbólicas, particulares à mística da Cavalaria Espiritual e à missão que a Ordem de Cristo tinha na empresa das Descobertas.
Terminada a visita, regressamos ao 'camping' sob copiosa chuva.
Dia 5 janeiro 2016 - 3ª. feira
TOMAR . Foz de Alge - Figueiró dos Vinhos - PINHEL
Ainda a manhã não tinha terminado e eis que os nossos habituais parceiros de viagem, decidem rumar diretamente para Coimbra.
Não os acompanhamos, optando por irmas à descoberta de local que um dos autocaravanistas que não conhecemos pessoalmente - João Morgado - nos disse ter lá passado o ano - a Foz de Alge.
O Gps decidiu por nós o percurso e quando assim é, nem sempre é o caminho mais indicado pois levou-nos por entre eucaliptais e estradas estreitas o que em tempos de invernia não seria aconselhável.
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Do alto avista-se a Foz de Alge e o Rio Zêzere |
Não nos demove a vontade de ir ao encontro de locais e espaços por onde ainda não havíamos passado. Ficamos clientes mas não para hoje.
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Camping da Foz de Alge |
Mesmo se o casal e filho que exploram o camping nos receberam agradávelmente, optamos por não ficar por ainda ser cedo e com a meteorologia a não convidar somava-se o facto de nos habilitarmos a ser os únicos clientes.
Mesmo com o mau tempo, as instalações ( bar, restaurante) são confortáveis e acolhedores.
Avançamos uma dezena de quilómetros até Figueiró dos Vinhos onde apenas nos limitamos a conhecer os dois espaços dedicados aos autocaravanistas.
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Rio Zêzere - Foz de Alge |
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Foz de Alge |
No centro da terra, um espaçoso parque de estacionamento e uns quilómetros mais acima numa zona sobranceira uma agradável área de serviço para autocaravanas devidamente sinalizada.
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Figueiró dos Vinhos - AS para AC |
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AS de Figueiró dos Vinhos |
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AS de Figueiró dos Vinhos |
O local escolhido para pernoitar, foi a sempre interessante PINHEL.
Dia 6 janeiro 2016 - 4ª. feira
PINHEL - COIMBRA
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Pinhel pela manhã |
Partimos da parte da manhã para Coimbra estacionando à porta do Convento de Santa Clara a Velha, para o visitarmos após o almoço 'a bordo'.
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O interior do novo complexo adjacente ao Convento |
Ao mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra anda associada
uma inestimável memória histórica construída em larga medida pelo carisma da
sua fundadora, a rainha Santa Isabel, e pelas marcas que nele deixou quando o
escolheu para cenário dos seus últimos anos de vida e lhe legou os seus restos
mortais.
Silenciando o grave diferendo, que a primeira fundação deste
mosteiro, devida a D. Mor Dias, havia provocado, a rainha Isabel obteve do Papa
Clemente V, a 10 de Abril de 1314, a necessária autorização para fundar um cenóbio
da Ordem de Santa Clara, em Coimbra. A morar nesta cidade, desde a morte do
marido, ocorrida em 1325, a rainha Santa pôde acompanhar activamente os
trabalhos de edificação do mosteiro, bem como do paço, que mandou fazer para
sua residência, nas imediações deste, e do hospício para trinta idosos, com
capela anexa, localizado, igualmente, nas suas proximidades. A construção do
novo mosteiro de Santa Clara de Coimbra, cuja igreja, dedicada a Santa Clara e
Santa Isabel da Hungria, foi sagrada, pelo bispo de Coimbra, D. Raimundo, a 8
de Julho de 1330, pôde assim contar com o alto patrocínio, mas também com o
empenhamento pessoal da fundadora.

A igreja monástica, atribuída ao arquitecto régio Domingos Domingues, é detentora de uma singularidade tipológica que a afasta, tanto em planta, quanto em alçado e em sistema de cobertura, das mais características igrejas construídas, entre nós, pelos mendicantes. Distinguem-se, igualmente, das restantes igrejas góticas suas contemporâneas, pela ausência de transepto, a elevação das três naves quase à mesma altura e abobadamento integral. A originalidade desta complexa igreja encontra explicação no patrocínio e interesse da sua régia fundadora, que a quis converter na sua necrópole, fazendo, para isso, nela colocar o seu monumental sepulcro pétreo com estátua jacente e decoração em todas as faces.
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Por detrás da cortina... |
Nas imediações do mosteiro, situado na periferia da cidade de então, começou a esboçar-se um novo burgo denominado dos paços da rainha ou de Santa Clara, constituído pelos que vieram trabalhar nas obras ou lá acorriam a demandar trabalho e por todos quantos aí convergiam atraídos pela fama de generosidade da rainha.
A história do mosteiro de Santa Clara de Coimbra ficou marcada de forma permanente, a partir do ano seguinte ao da sagração, pela invasão das águas das cheias do Mondego. Esta circunstância obrigou a uma incessante e secular luta contra as condições adversas do sítio em que havia sido implantado. O assoreamento do leito do rio fez com que, no século XV, não só cheias excepcionais, mas qualquer uma, incomodasse os conventos localizados na vizinhança deste rio e, no decurso do século XVII, os edifícios do mosteiro de Santa Clara tiveram também de se adaptar às condições criadas por esta perniciosa situação, através do lançamento de um piso a meia altura da igreja.

No entanto, a situação no mosteiro tornou-se de tal modo insustentável que, em 1647, o rei D. João IV ordenou a construção de um novo mosteiro para onde as religiosas clarissas se transferiram, em 1677. O primitivo mosteiro, que passou, a partir de então, a ser designado de Santa Clara-a-Velha, entrou num progressivo processo de destruição e abandono, tendo no século XVIII, a Câmara de Coimbra deliberado que, por razões de saúde pública, fosse demolido o remanescente das construções monásticas arruinadas. A igreja que pela sua solidez havia resistido às investidas arrasadoras das cheias, voltou a aguentar as medidas de demolição decretadas pela autarquia.
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Adicionar legenda |
No entanto, no século XIX, após a extinção das ordens religiosas, foi adquirida por particulares, profanada e utilizada para fins tão diversos, como habitação, celeiro e até curral. Somente em 1910, já meia enterrada nas areias do Mondego, a igreja de Santa Clara viu ser-lhe atribuída a classificação de Monumento Nacional, mas apenas nas décadas de trinta e quarenta sofreu trabalhos de restauro, a cabo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Tratou-se de uma intervenção de vulto na parte superior do edifício da igreja, uma vez que a parte inferior continuava enterrada, que lhe conferiu o aspecto que manteve até à década de noventa desse século.


A partir de 1992, encontra-se em curso uma profunda intervenção, a cargo do IPPAR, que já resgatou a parte inferior da igreja e o remanescente do claustro, que irão ser restituídos a visitantes em “ambiente seco”, visto ter sido essa a opção tomada para preservar este monumento, que obrigou à construção de uma Cortina de Contenção Periférica. A extracção dos sedimentos acumulados no interior da igreja permitiu obter um conhecimento mais aprofundado da sua arquitectura, avaliar o modo como a foram adaptando às condições desfavoráveis so sítio e recolher um espólio, não só numeroso como muito variado. Porém, a grande novidade desta intervenção residiu na exumação do claustro, uma vez que se tratava de um “monumento desaparecido” e escassamente documentado. Após a profunda intervenção patrimonial a que está a ser submetido e depois de concluídos os estudos e investigações em diversas áreas do saber, que sobre ele têm, também, vindo a ser empreendidos, espera-se que um conhecimento mais alargado sobre o mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra e a sua fundadora possa vir a ser divulgado junto de um vasto público.
Francisco Pato de Macedo
Já após o regresso a casa, vejo nas TV's que este Mosteiro havia sido inundado com o mau tempo e que a zona onde pernoitei também ficou inundada pelo Rio Mondego...
No final da tarde, fomos 'lanchar' a casa de Amigos de muito longa data.
Dia 7 janeiro 2016 - 5ª. feira
COIMBRA - AVEIRO
De manhã é que se começa o dia.
Na sequência da visita da véspera, pensamos melhor ir ao encontro de peças valiosas que entretanto estão a salvo no Museu Nacional de Machado de Castro.
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Subimos a inclinada calçada até à Sé Velha |
As coleções do museu de Coimbra espelham a riqueza da Igreja e a importância do mecenato régio às quais se devem muitas das suas obras de arte e alfaias religiosas de maior valia. A escultura monocromática ou policroma, em madeira e pedra, ocupa lugar cimeiro, ilustrando com numerosas obras-primas o trabalho das melhores oficinas flamengas e também a evolução das escolas portuguesas da Idade Média ao século XVIII.
Ainda assim, os núcleos de pintura, ourivesaria, cerâmica e têxteis, impõem-se com igual importância e representatividade para a arte importada e a produção nacional.
Distinguem-se ainda as coleções arqueológicas provenientes da cidade e as de arte oriental.
O Museu Nacional de Machado de Castro deve a sua designação
ao conimbricense que foi escultor régio nos reinados de D. José, D. Maria I e
D. João VI e o mais notável representante da escultura portuguesa do século
XVIII. O Museu abriu ao público em 11 de Outubro de 1913, ocupando os edifícios
que, do século XII ao século XVIII, se foram construindo para residência
episcopal e, em meados do séc. XX, se adaptam à função museológica.
Particularmente notáveis são os vestígios do claustro do período “condal” (c.
1100-c. 1140) e o criptopórtico datado do séc. I que constitui a mais importante construção
romana conservada em Portugal.
Reaberto na sua totalidade no final de 2012 – seguindo o projeto de requalificação e ampliação do arquiteto Gonçalo Byrne –, o MNMC possui, atualmente, as condições imprescindíveis para ser entendido como espaço de encontro entre a memória e a contemporaneidade.
O Museu Nacional de Machado de Castro é um dos mais importantes museus de Belas-Artes de Portugal.
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Capitel séc XI - Mosteiro Sta Clara Velha |
Terminada a visita, optamos por fazer a descida de 'vaivém' até ao centro onde num pequeno restaurante almoçamos um delicioso prato de 'pataniscas de bacalhau'.
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O meio de transporte que utilizamos |
Depois de uma manhã bem preenchida culturalmente, retomamos viagem em direção a norte até à cidade de Aveiro.
Claro que ao passar no 'Pedro dos Leitões' na Mealhada, adquirimos duas apetecíveis 'sandes' de leitão que regamos com um tinto Alentejano.
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Leitão à Bairrada |
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Aveiro |
Ainda gizamos a hipótese de ficar mais um dia pois a preparação para as festas de São Gonçalinho já davam sinais de si.
Pernoitamos e decidimo-nos pelo regresso já que a chuva não mata, mas desmoraliza.
Dia 8 janeiro 2016 - 6ª. feira
AVEIRO - BRAGA
O último dia de viagem, por norma, nada há de especial a assinalar.
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A passagem no estádio do 'Dragão' |
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