Dia 30 de janeiro 2016 – sábado
ZAFRA – MÉRIDA
Progredimos em direcção a Norte pela magnífica via rápida
gratuita.
À chegada a Mérida, excluímos a hipótese do camping por
distar uns 5 km do centro histórico. Os dados que dispúnhamos como sendo uma AS
para AC saíram frustrados já que apontavam para uma estreita viela. O Eduardo
havia anotado as coordenadas que um casal Espanhol algures havia colocado na
net. Estacionamos ali próximo numa rua de pequenas moradias onde dois
portugueses que lá habitam nos disseram ser um local sossegado e próximo do
centro (Calle Poeta Daciano).
Após o almoço encontramos ali a uns 600 mts o conjunto monumental do Teatro e Anfiteatro Romano. O acesso prima por cobrar uns bons € 12,00 ( € 6,00 meia tarifa ).
Somente no final de dia entendemos que esse ingresso facultaria o acesso a 6 monumentos, ‘Alcazaba’ incluída.
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Um dos acessos ao Anfiteatro Romano |
O ANFITEATRO ROMANO - A poucos metros do Teatro encontra-se o Anfiteatro, grandioso recinto dedicado essencialmente a espectáculos com gladiadores e animais selvagens.
O anfiteatro foi inaugurado no
ano 8 a.C. Tem uma forma oval e uma capacidade para 14 000 pessoas. Era
destinado a lutas entre gladiadores e a corridas. O anfiteatro é composto por
seis partes principais: a arena (coberta de areia), onde se davam as lutas e
corridas; o local destinado às feras e aos apedrejos dos gladiadores; os
corredores (passagens); a spolania, local destinado aos gladiadores; o podium, onde
se recebiam os prémios; os corredores de entrada e saída, que eram destinados a
combates de gladiadores.
O anfiteatro é ainda composto por três anéis, um fosso e as bancadas para os espetadores, nas quais uma parte era reservada às autoridades que patrocinavam os espetáculos e outra às entidades políticas da cidade. Este monumento esteve subterrado durante centenas de anos e só há algumas décadas é que foi descoberto, embora infelizmente tivesse a parte de cima destruída.
O anfiteatro faz parte do Conjunto Arqueológico de Mérida, um dos maiores conjuntos arqueológicos de Espanha. Foi declarado Património Mundial pela UNESCO em 1993.
Como Português, uma surpresa agradável. Toda a informação na esmagadora maioria dos prospectos e placas dos monumentos está em Castelhano, Inglês e Português.
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frons scaenae de Mérida |
TEATRO ROMANO - Mandado construir por Marco Agripa, genro do Imperador Octávio Augusto entre os anos 16 e 15 a.C. tinha uma capacidade para cerca de 6000 pessoas, que se podiam acomodar entre as suas arquibancadas ou cáveas, que estão divididas em três anéis.
Estes três anéis acolhiam as diferentes classes sociais romanas que habitavam a cidade, situando-se à frente da cávea ima a orquestra, em forma semicircular destinada ao coro. O frons scaenae é composto por entradas e por duas ordens de colunas sobrepostas, decorado todo ele com esculturas.
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Scaenae_frons |
Atrás destes fron scaenae existiam outras dependências, que eram utilizadas pelos atores, o postcaenium com uma pequena câmara rectangular para o culto imperial e um peristilo ajardinado.
O Teatro Romano. o monumento mais emblemático e visitado da cidade, dizem converter-se nos meses de verão num maravilhoso cenário musical e teatral, onde se oferecem espectaculares representações clássicas e modernas.
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Uma maravilha aqui tão pertinho |
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Pormenor do Teatro |
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réplica de AUGUSTO |
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São réplicas senhores... são réplicas... |
O
teatro sofreu várias remodelações, a mais importante foi em finais do século I,
possivelmente na época do imperador Trajano, quando se levantou a actual frente
do palco, e outra entre os anos 330-340.
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Para que conste! |
Percorremos todo o centro histórico com uma tarde de sol e surpreendentemente menos fria.
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Museu Nacional de Arte Romana |
Logo à saída do complexo Romano, entraríamos no ''MUSEU NACIONAL DE ARTE ROMANA'' cujo ingresso é gratuito aos fins de semana.
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Edifício grandioso |
Este surpreendente edifício, inaugurado em 1986, é obra do arquitecto Rafael Moneo Vallés, que utilizou o tijolo como matéria básica nos acabamentos interior e exterior do Museu, que nos lembram sistemas de construção clássicos romanos apoiando-se numa original e acertada iluminação natural, que lhe dá um encanto especial à visita diurna.
As escavações realizadas para a construção do edifício do Museu, sacaram à luz restos arqueológicos de incontestável interesse, como são casas romanas, algumas delas com restos de pinturas, calçada romana, condutas hidraúlicas, etc, todo este magnífico conjunto pode ser admirado na sua cripta aberta ao público.
Em todos os pisos do Museu seguiu-se uma excelente distribuição cronológica e temática, que lhe confere um marcado carácter didáctico com acertadas indicações gráficas, que ajudam o visitante no seu passeio pelo mundo romano e os aspectos mais importantes do mesmo.
Depois da cansativa visita, rumaria-mos ao centro histórico com a visita obrigatória à 'Oficina de Turismo'.
Já munidos de 'literatura' sobre o Património citadino, fomos descendo calmamente em direcção ao Rio Guadiana.
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Uma simpática esplanada num antigo mercado |
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O Templo de Diana de Mérida |
TEMPLO DE DIANA é o único dos edifícios arquitectónicos religiosos conservados dos que se construíram em Mérida, graças à magnífica restauração realizada e em boa parte ao facto da sua estrutura ter sido aproveitada desde o séc. XVI para a construção do Palácio do Conde dos Corbos de estilo renascentista.
De planta rectangular, este edifício religioso destinado ao culto do Imperador e construído nos finais do séc. I a.C. e inícios do século posterior, está rodeado de colunas de granito caneladas, que estiveram pintadas e estucadas de vermelho finalizadas com pilares de estilo coríntio.
A importância religiosa deste belo templo e a sua vocação imperial são testemunhadas nas estâncias que disponha, não lhe faltando sela, canais, tanques e galeria com suportais.
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Os 'noivos'... |
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O 'Palácio' n retaguarda esteve para ser demolido recentemente |
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Pórtico del Foro |
PÓRTICO DEL FORO - Trata-se de parte de pórtico monumental que serviria para um grandioso programa propagandístico do antigo Foro Municipal da Augusta Emérita.
Originalmente esteve integralmente revestido de mármore, como se nota ainda em algumas zonas. Magníficas colunas corintias sendo que sobre elas ainda se vislumbram as cabeças de Júpiter-Amón, Medusa e Cariátides. Nos muros de fecho apresentam-se estátuas da família Imperial e de deuses e mitos ligados à História de Roma e à família de Augusto. Este pórtico foi erigido em meados do séc I à imagem e semelhança do Fórum de Augusto em Roma.
Do 'Templo de Diana' passamos pelo contíguo 'Pórtico del Foro' e descemos à Praça de Espanha.
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O 'Professor Eduardo' atravessa-se para a posteridade... ;-) - Praça de Espanha. |
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Praça de Espanha com esplanadas repletas |
Chegados ao Rio Guadiana, haveríamos de contemplar a enorme ponte Romana - hoje peatonal.
Ao nosso alcance está uma das mais fantásticas pontes do período romano que já vimos, a ponte Romana de Mérida. Embevecido, acho que é a melhor forma de expressar o nosso espanto. Será a maior ponte sobrevivente do período Romano. Inicialmente, o seu comprimento total era de 755 m com 62 vãos. Actualmente, permanecem cerca de 60 vãos (três dos quais estão enterrados na margem sul) com um comprimento de 721 m.
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À ilharga da Ponte Romana, o majestosa Muralha de Alcazaba |
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A 'judiaria'... |
Seguimos ao longo do rio, pela Avenida de Roma, do lado direito encontramos, a zona arqueológica de Morérias, onde até aos anos 90, se encontrava uma zona humilde da cidade, é hoje uma das zonas de conjunto urbano mais importante da península, que nos dá a possibilidade de ver a evolução do urbanismo , tipo de calçada, etc. em cima das quais construíram um moderno edifício multiusos um pouco mais a frente, a Ponte Lusitana construída em 1991 pelo engº/arqº Santiago Calatrava.
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A ponte mista de Santiago Calatrava |
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Ponte Lusitana construída em 1991 pelo engº/arqº Santiago Calatrava |
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a parte de peões |
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Igreja de Sta Eulália em cuja cripta existem vestígios Romanos |
Passagem pela Igreja de Sta Eulália, cuja cripta gostaríamos de visitar. Amanhã se verá.
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O termómetro da Farmácia não estará bom dos neuróneos... |
_P_ Calle Poeta Daciano – N 38º 55’ 00.5’’ W 6º 19’ 59.3’’
Percorridos: 733 Kms ( Dia 69 Kms )
Dia 31 de janeiro 2016 – domingo
Assumido pelos 2 autocaravanistas que retomaríamos a visita das partes históricas da cidade.
Pela manhã, haveríamos de avançar de novo rumo ao centro histórico.
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Entrada da ''Alcazaba'' |
ALCAZABA - A fortaleza árabe de Mérida é a mais antiga fortificação muçulmana da Península Ibérica , construída no século IX, na cidade de Mérida ao lado da famosa ponte romana sobre o rio Guadiana . Foi declarada Património Mundial como parte do sítio arqueológico de Mérida .
A fortaleza foi construída por Abderramán II em 835 d. C. como um bastião para controlar a cidade, que desde 805 tinha continuamente se revoltou contra o domínio emiral.
Isso torna-a a mais antiga fortaleza moura que é preservada na Península Ibérica.
A fortificação é um recinto quadrado capaz de acomodar um grande número de tropas.
No interior, há uma cisterna , que é uma cisterna subterrânea de água filtrada a partir do vizinho Rio Guadiana , cujo acesso é feito por uma escada dupla a partir do piso térreo de uma torre.
Dentro duas pilastras de algum edifício visigodo cuja decoração em relevo consiste em colunas laterais e motivos vegetais formando círculos em torno de clusters e palmettes nas suas faces.
O perímetro da fortaleza é quase quadrado, com cerca de 550 metros de distância.
As paredes, cerca de 2,70 metros de espessura e 10 metros de altura, são feitos principalmente com ''Roman'' blocos de granito reutilizados e visigodos pedras e argamassa.
Originalmente havia uma grande torre quadrada em cada canto do recinto.
A cidadela era acessível a partir da ponte romana através de uma pequena área fortificada tradicionalmente chamada de "Alcazarejo '.
O acesso é feito Este através de uma porta ladeada por duas torres em forma de ferradura/arco portão onde existe numa das inscrições da fundação da fortaleza onde se pode ler:
''Em nome de Deus, o Misericordioso, o Compassivo bênção de Deus e Sua protecção para aqueles que obedecem a Deus. Ele ordenou a construção deste forte para o usar como um refúgio para os obedientes Emir Abd al-Rahman, filho de al-Hakam -glorifíquele Deus, através de seu camil Abd Allah, filho de Kulayb b. Talaba, e Hayqar b. Mukabbis, seu servo Sahib al-Bunyan, lua rabi última final do ano duzentos e vinte''
Abril 835 d. C.
Outros vestígios arqueológicos:
Graças à sua localização estratégica, o site da cidadela foi catalisador em alguns períodos históricos de Mérida.
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trechos do que resta da estrada romana |
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A ponte romana e a ponte 'Millenium' de Calatrava |
Nos restos da cidadela existia uma via dupla, que preservou o Decúmano da cidade, e as fundações do portão romano que separava a cidade a partir da ponte. Também eles têm sido vestígios da parede da fundação de Emerita Augusta (século I aC.) e restos de casas fora dos muros. Entre a muralha romana e paralelo permanece uma calçada de pequenas unidades são, talvez, tavernas romanas .
Entre as duas estradas estão as fundações de uma casa que data do século IV, com peristilo (pátio com colunata), banhos e pavimento a mosaicos e placas de mármore.
Blocos de granito que foram usados em enterros romanos.
Existem também pedras abundantes do período visigodo, espalhadas por todo o local.
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do alto da majestosa muralha da Alcazaba |
Em 1228 , uma vez reconquistada Mérida aos Árabes por Alfonso IX, este conjunto militar, provavelmente o primeiro construído na Espanha muçulmana, seria entregue em 1229 juntamente com a cidade à Ordem de Santiago, que séculos depois convertem parte dele em Convento.
Numa das paredes exteriores foi encontrada inscrição alusiva à consagração de uma igreja supostamente visigoda dedicada a Santa Maria.
Documentos da Ordem de Santiago confirmaram a sua existência na cisterna. Construções mais recentes são o ''gazebo'' e varanda neogóticos XIX colunas do século visigodo.
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A ligação ao rio para obter água - cisterna |
Destruída a parte Conventual e abandonado foi o mesmo reconstruido magnificamente nas últimas décadas do séc. XX, sendo actualmente sede da Presidência da Junta da Estremadura.
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há que descer por uma das duas vias... |
Embora um pouco cansativo, consegue-se fazer a pé toda a cidade.
Voltamos pelos arruados paralelos ao Guadiana em direcção à Praça de Touros.
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Uma casa em notório abandono, o que é pena. |
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No pequeno largo no exterior da Alcazaba |
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Mais uma fachada de um estabelecimento comercial a ser vandalizado por abandono |
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Um bom local para pernoita caso não haja 'tourada'... |
Casa del Mitreo casa possivelmente de um rico proprietário a casa é construída ao redor de 3 pátios com belas pinturas e mosaicos com desenhos do cosmos, partindo de desenhos terrenos e marinhos até chegar aos celestes mas todos ao redor da figra primordaial a eternidade, ao lado os Columbários, espaço que mostra vários tipos de ritos funerários.
Encontrado por acaso no início da década
de 1960, embora tenha sido construído em meados do primeiro século.
Localizado na encosta sul da colina de San Albín. A sua proximidade com a área onde da localização de Emeritense Mitreo supõe-se terem sido as razões para o seu nome actual.
Toda a mansão foi construída em blocos de alvenaria reforçadas nos cantos. A casa destaca as colunatas com jardim interior e uma sala no lado ocidental da famosa Mosaic cosmogônicos , representação alegórica dos elementos da natureza ( rios , vento, etc ), presidida pela figura de Aion .
O recinto tem sido coberto e protegido para as visitas recentemente.
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jazigos romanos |
Atravessamos de novo a cidade com pequena paragem a meio caminho para o almoço 'a bordo'.
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Aqueduto de S. Lázaro |
Prosseguimos em direcção do Circo Romano que fica logo após o Aqueduto de S. Lázaro.
Por baixo do aqueduto passava a calçada que bifurcava para Córdoba, Tolêdo e Zaragoza, ao lado restos de termas romanas.
Um pouco mais a frente do lado esquerdo o magnífico circo com 400 metros de comprimento e 100 de largura.
Um pequeno filme no centro de interpretação do circo, muito interessante pois revela como seria a vida na época..
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Igreja de Sta Eulália |
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“Hornito” |
Basílica de Santa Eulália, na entrada vemos um oratório em mármore conhecido pelo nome de “Hornito”, que foi construído no século XVII, com peças do Templo Romano dedicado ao Deus Marte.
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“Hornito” |
Dentro da Basilica um pequeno museu e na cave criptas funerárias, um excelente espólio, a igreja só se pode ver na hora das missas.
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Na cadeira do 'vigilante' à descida para a cripta |
Graças às melhorias e às escavações realizadas nesta Basílica desde 1990, pode contemplar-se a enorme importância histórica e artística do edifício, tal como uma magnífica temporização dos momentos históricos mais importantes da cidade,
Arte pré-cristã, visigoda, bizantina e românica tem um fiel reflexo entre os muros desta Basílica, que de uma forma educativa e exemplar hoje se mostram ao visitante, que pode percorrer as zonas escavadas.
Efectuada a visita à cripta, voltamos ao centro tendo no horizonte voltar para visitar a igreja à hora da missa.
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Arco de Trajano |
ARCO DE TRAJANO - Mais um dos pontos históricos da cidade.
Com 15 metros de altura e 9 de luz, construído à base de grandes silhares e aduelas de granito, estaria provavelmente noutro tempo coberto de mármore.
Muitos autores dizem que este arco não era um arco triunfal e que, o mais provável, é que tenha sido uma porta monumental situado justamente no cardo máximo da cidade, que seria entrada do foro provincial.
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Arco de Trajano visto debaixo. |
Continuaríamos a caminhada na ideia de voltar à Basílica de Sta Eulália.
IGREJA DE STA EULÁLIA - Conforme o previsto, à hora da 'missa' o acesso ao templo foi facultado.
Confesso que o seu 'ar taciturno' me desiludiu pois quiçá a débil iluminação não ajudou a que a sua visita me deslumbrasse.
Declarada Monumento Nacional, valeu pela visita já efectuada à cripta.
Centro de veneração popular cristã, no exterior o famoso ''hornito'', construido em honra da mártir Stª Eulália, com os restos do que fora anteriormente um templo dedicado ao Deus Marte.
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Nos preparativos para a Missa, aproveitamos a oportunidade para a visita da igreja . |
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As imagens sempre belas |
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O final de dia... foi chegando... |
Após mais um preenchido dia, regressamos às nossas 'choupanas'.
Desafiei o Eduardo a irmos tomar café a um dos Bar/Restaurante ali a uns 300 metros. Preferiu ficar.
Surpresa ou talvez não, mesmo vendo sinal forte de 'wifi' não me disponibilizaram o acesso ao mesmo. De portátil a tiracolo e na fria noite, dirigi-me ao lado oposto do ''nosso bairro'', onde no Velada Hotel a simpática recepcionista nos 'printou' uma folha A4 com a 'username e pp' do wifi do Hotel. Gracias 'Muchacha'!
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Depois de tomar café num 'snack' e da sua recusa de fornecimento de pp, o meu obrigado ao Velada Hotel |
_P_ Calle Poeta Daciano – N 38º 55’ 00.5’’ W 6º 19’ 59.3’’
Dia 1 de fevereiro 2016 – 2ª. feira
MÉRIDA – Don Benito – GUADALUPE
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