|
Foz do Rio Ave em Vila do Conde |
Dia 12.JAN.13 - SÁBADO
OCEANO ATLÂNTICO uma vez mais - VILA DO CONDE
A meteorologia não anima as hostes.
Acontece que para não alimentar o desânimo e aliviar a ansiedade, não devemos finarmos em casa.
Há que sair e ir fruindo a vida que nos resta, por isso a vontade de sair sobrepõe-se às ameaças veladas que nos vão tolhendo. Abastecimento de água a bordo da ''africana'', pressão dos pneus acertada e eis-me de novo a rolar pelas molhadas estradas num percurso adequado aos tempos que correm, curto e repetitivo mas mesmo assim aliciante. Sempre será melhor ouvir o dobrar das ondas e sentir o sopro fresco vindo do nosso oceano.
|
à saída da cidade, pequena paragem no dia carregado de cinza, para a habitual ''bica'' |
Junto ao mar, sinto-me como que o capitão de um enorme navio que rumou ao porto e vou contabilizando os incontáveis milhões de quilómetros que este enorme navio perdido no espaço percorre na estratosfera. Refiro-me é óbvio ao movimento da terra em torno do sol onde quer queiramos quer não, todos os milhões de cidadãos do mundo viajam sem mexer uma palha... em torno das galáxias.
|
À chegada à Póvoa de Varzim - muitas vezes apetece voltar para trás... mas tal nunca acontece - contraria-se a vontade |
O Mar é um bem único, que os humanos vão maltratando e de onde cada vez menos se conseguem extrair um dos mais saudáveis alimentos. Um dia se calhar tardiamente, algo será feito para o preservar para as gerações futuras.
|
finalmente a marginal de Vila do Conde com o mar agitado |
Infelizmente os reais ''capitães'' deste grande navio, estão mais interessados com o hoje onde imperam as ganâncias desmesuradas do lucro fácil, pouco ou nada se inquietando com as consequências nefastas destas políticas que cada vez mais vão criando pobreza.
À chegada ao local de pernoita, o céu apresentava-se coberto por espessas e escuras nuvens que nos sobrevoavam vindas do mar.
O vento algo forte puxava-as do mar em direção a terra numa velocidade inusitada como quais camiões cisterna acabadinhos de abastecer para aqui e ali descarregarem copiosa chuva.
Numa aberta, avançamos para a capela da Sra da Guia, que penso nunca ter visitado e pelo que se me deu a entender abrirá em dias de tempestade para que os crentes possam pedir à ''santa'' que traga de volta a bonança.
|
Capela da Sra da Guia |
No seu aconchegante interior, escutavam-se as vagas que por vezes galgam os muros do adro da capela. Metemos conversa com uma jovem que silenciosamente esperava visitantes para anunciar as próximas festividades a realizar a 25, 27 de janeiro e 2 e 3 de fevereiro onde não faltará uma banda de música e a majestosa procissão - demonstração de fé das gentes do mar.
Até Senhora da Guia
Me deixava ir devagar
Até Senhora da Guia,
Que entra já dentro do mar,
omo uma pomba que as ondas
Receassem de levar;
Talvez como uma gaivota
Colhida num vendaval...
Ou rosa branca, trazida
Quem sabe de que lugar,
Que embaraçando nas pedras,
Ficasse ali, sem murchar,
pé metido no rio,
A flor já nágua do mar.
José Régio
|
Sra da Guia |
Proteção: Imóvel de Interesse Público, Dec. nº 28/82, DR 47 de 26 fevereiro 1982
Coordenadas GPS: 41º 20' 20.56" N; 8º 44' 58.42" W
Provavelmente esta ermida já existiria em 953, sendo referenciada, em 1059, no inventário dos bens pertencentes ao Mosteiro de Guimarães, mas designada como ermida de S. Julião. Para além da utilização de índole religiosa, a ermida funcionou, inicialmente, como ponto de apoio para defesa da barra.
De planta composta irregular, apresenta no seu interior belos azulejos dos séculos XVII e XVIII e tetos apainelados em caixotões decorados com cenas bíblicas ou figuras de santos.
Como se surgisse um sopro de Adamastor, à saída, uma chuva puxada a vento forte, trouxe-nos de volta... encharcados de fria água.
Nada de grave pois no roupeiro havia roupa enxuta para aconchegar.
|
o mar enfurecido atirava-se contra o penedio do paredão |
|
Capela da Sra da Guia |
|
Caminhar no paredão? Não dá... |
Dia 13.JAN.13 - DOMINGO
regresso de novo
A noite foi daquelas que gosto. Muito vento vindo do mar acompanhado de águas que copiosamente tombavam sobre nós...
Havia ajustado o termostato do ''boiller'' para uns 20ºC constantes o que deu para manter uma temperatura agradável no habitáculo. Afinal, fica-me mais barato o aquecimento da ''africana'' que do meu apartamento.
Acordei umas 3 vezes durante a noite com o ribombar das águas, o vento e a chuva - uma sensação maravilhosa - só para alguns amantes deste tipo de seres...
Sempre foi assim... depois da tempestade... a bonança. A manhã deu para sair ''da toca'' e fazer o circuito necessário para distender as pernas e alimentar o espírito.
|
dormir aqui... só gosta quem quer... |
|
toda esta área estava ontem submersa... |
|
Vila do Conde - Forte de S. João Batista |
Forte de S. João Baptista
Acesso: Avenida Brasil, Vila do Conde
Proteção: Imóvel de Interesse Público, Dec. nº 47 984, DG de 06 outubro 1963
Coordenadas GPS: 41º 20' 31.03" N; 8º 45' 06.52" W
Sabe-se que esta edificação já se encontrava em construção em 1573, mas é provável que as obras tenham iniciado por volta de 1570. É provável, embora com um grau de incerteza elevado, que o autor do seu projeto tenha sido Simão de Ruão. O plano original, que incluía um fosso, nunca foi integralmente implementado. Excluindo esse facto, as obras foram terminadas em Novembro de 1793.
Apresenta uma planta poligonal com cinco baluartes, guarnecidos nos ângulos por guaritas. A sua construção teve como objetivo a defesa do porto do Ave, perdendo o seu valor militar após o desfecho da guerra civil em 1834. Atualmente está convertido em unidade hoteleira.
|
Do meu restaurante... do meu quarto... da minha sala... da minha cozinha... se nunca experimentou... porque não experimentar?! |
|
A magnífica requalificação da marginal de Esposende - 3,5 Km de passeio para peões e bicicletas |
|
Maré-Baixa |
|
ao fundo as Caxinas e a Póvoa de Varzim ainda com nevoeiro |
|
monumento aos combatentes nas colónias |
|
O porto de pesca e ao fundo o Convento de Sta Clara |
Mosteiro de Santa Clara
Proteção: Incluído na Zona Especial de Proteção da Igreja do Convento de Santa Clara
Coordenadas GPS: 41º 21' 09.99" N; 8º 44' 22.91" W
Embora fundado em 1318 por D. Afonso Sanches e D. Teresa Martins, o edifício que conhecemos trata-se de uma construção do século XVIII, já que, desde meados do século XVII, o edifício se encontrava à beira da ruína e sem condições para as freiras que aí viviam. No entanto, dados os graves problemas que o país atravessou em oitocentos e com a extinção das ordens monásticas, as obras ficaram incompletas. Entre 1929/1932, a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais levou a cabo obras de intervenção e conclusão das fachadas, neste que é um dos mais emblemáticos monumentos de Vila do Conde.
|
O Rio Ave e a canoagem |
|
O _P_ mais aconchegado sempre repleto de AC (Foz do Ave) |
No final da tarde o regresso com o céu azul limpo e na retaguarda um magnífico por de sol.
Quem ontem via um dia negro daqueles de ''meter medo'' dá por bem empregue o ter contrariado o ''bom senso'' de não sair. Um magnífico fim de semana.
Percorridos: 115 Km
Gps - local de pernoita: Lat. 41.342204 Long. 008.747235
2 comentários:
Companheiro António Resende:
Compreendo perfeitamente o que sente ao viajar ou apenas estar estacionado na sua autocaravana. Eu sinto o mesmo. É uma sensação inigualável e muito agradável.
Quando leio o que escreve passeio também um pouco e aspiro pela próxima vez em que posso tirar a minha autozita do seu refúgio.
Saudações autocaravanistas.
Maria Melo
OBRIGADA
Pela disponibilidade
Pela partilha
Pelo sem blog
Com tudo isto está a ajudar muita gente a sorrir, a sonhar e a caminhar nem que seja de forma virtual.
Abençoada internet, sem ela muitos de nós estaríamos aprisionados neste pequeno retângulo sem nenhuma visão do mundo, agora que vai ser cada vez mais difícil ir nem que seja perto (sinais dos tempos).
Eu e muitos continuaremos a seguir de perto esta bela Autocaravana.
Um abraço
Maria José
Enviar um comentário