Não. Não fui de Autocaravana, mas podia... estou aqui tão perto.
Existe estrada de alcatrão do Gerês até lá... pelo que é um local visitável com a dita.
Preferi a ''viagem'' de automóvel e ''castigar o corpinho'' serra acima.
Sou o mais ''idoso'' do grupo - mas, tenho felizmente arranjado a necessária pedalada para enfrentar tal adrenalina... e desta vez, foi mesmo isso que sentimos...
Subida à Calcedónia, uma das coroas de gloria cá da terra. A tarde estava como um veludo, e as fragas, amolecidas pela luz, pareciam broas de pão a arrefecer. Do alto, a paisagem à volta era dum aconchego de berço. Muros sucessivos de cristas — círculos concêntricos de esterilidade — envolviam e preservavam a solidão. Nas vezeiras, resignadas, as rezes esmoíam os tojos como quem ajeita um cilício ao corpo. E mais uma vez me inundou a emoção de ter nascido nesta pequena pátria pedregosa que é Portugal. Há nessa condenação como que uma graça dos deuses. Também é preciso ser de eleição para merecer certas pobrezas...
Miguel Torga - Diário VI
Gerês,6 de Agosto de 1952
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É claro, que Torga escreveu há já 58 anos e os trilhos para a Calcedónia, já não são o que eram.
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Por cima das núvens... |
Mesmo assim e com o tempo a fazer caretas, lá despertamos às 6, saída ponto de encontro às 7 e ''arranque'' caminheiro do ''São Bento da Porta Aberta'' pelas 8h e 15m da manhã.
Uns 4 km de subida de respeito, por pequeno estradão, até ao enorme tanque de águas límpidas...
A partir daí, seguimos o percurso assinalado em cartografia militar,...
Uma autêntica aventura!
Adrenalina a molhos!...
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2 cá em cima e 3 já lá no fundo... |
O trilho era imaginário, um desbravar em subindo de matos e silvados dignos de serem desbravados à catanada... mas não imaginávamos tal cenário, e lá tivemos de ''furar'' o matagal que abraçava o corpo inteiro e com períodos de chuva agreste... os nossos ''ponches'' sofreram vários ataques do silvado pelo que ficaram com fendas várias que os inutilizaram.
Sempre na esperança de atingir o ''cume'' da CALCEDÓNIA ou um qualquer trilho sem que nada tivesse surgido por entre os arvoredos cerrados, salvo pelas 14,3o horas...
Enfim, finalmente a estrada de alcatrão que nos levaria à Calcedónia e em sentido contrário, às Caldas do Gerês...
Decidido abandonar o alcatrão após 50 metros para não termos de ir de táxi até ao local de partida.
Os dois GPS disponíveis lá ''encaixaram'' no ''track'' previamente ''gizado'' e uma hora e meia após fomos conduzidos por pequeno estradão até ao local de partida...
Ao lado o tão desejado restaurante onde o almoço da 16horas retemperou o esforço caminheiro.
2 comentários:
Qualquer dia, arranjas aí no Gerês um passeiozito ao domingo de manhã, e tentaremos partilhar convosco essa aventura.
Local de pernoita: Parque de estacionamento dos autocarros, logo acima das Caldas do Gerês.
Um grande abraço
já fomos algumas vezes à calcedónia mas sempre pelo trilho marcado que tem ponto de partida e chega em covide. subida dura e descida perigosa pelo resvalar inevitável do arenito. como levamos canitos, nunca trepei a fenda mas o maridão sim. de qualquer forma o passeio é fantástico e a vista também. outro muito recomendável é o trilho dos currais. subida ainda mais dura (todo o trilho é mais duro) mas paisagens incríveis! tem saída e chegada perto da vila do gerês e não há pontos de água em todo o trilho. fica a dica de uma companheira autocaravanista.
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