Três dias em que o sol era anunciado, rumamos a *Ancora com breve paragem em Ponte de Lima.
Não será por acaso que a Vila mais antiga de Portugal é reconhecida como um património universal, um território sem fronteiras mediador de um movimento que entende o nosso planeta como um lugar sagrado.
Soube astuciosamente gerir um distanciamento sadio dos valores que regem a nossa cultura atual e orientar o culto à ciência e ao racionalismo para as áreas do Património, Ambiente e Ruralidade.
O culto da terra e da tradição são os pilares basilares de desenvolvimento, inscrito nas mais profundas raízes limianas e que traça o perfil marcadamente rural.
Esta matriz genuína evidencia a nobre herança de outrora, gravada nas fachadas imponentes que sobressaem da paisagem natural e revelada, de forma sublime, nas relações de proximidade e na arte do bem receber.
Ponte do Lima é berço do Turismo de Habitação, da casta Loureiro que distingue o Vinho Verde e do Arroz de sarrabulho apreciado nos mais recônditos lugares do mundo. É a Vila mais florida e mais antiga de Portugal.
Ponte de Lima é Vila porque quis ser Vila e recusou ser cidade. É algo mais do que um simples destino... O que a torna tão especial? Desde há décadas que a descobri por mim mesmo.
Haveríamos de sair desta simpática e sempre agradável Vila, para entrando na autoestrada (scut - grátis ainda), sairmos próximo de Vila Praia de Âncora.
O local escolhido para pernoita, sobre o mar adiante do novo porto de pesca.
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sempre diferente |
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Os vizinhos à direita... um casal Alemão quarentão no 1º dia de visita a Portugal. Andarão fora de casa 6 meses!!!! |
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Ainda antes do Jantar, o passeio pedestre na Vila. |
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O brinde do 1º dia. |
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Um previlégio |
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a acalmia do velho porto pesqueiro |
Habitantes: 4.819 pessoas (I.N.E.2011).
Sectores laborais: Agricultura, pecuária, pesca, Comércio,
Hotelaria, Serviços e Indústria.
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Dia 7 pela manhã, caminhada até Molêdo do Minho |
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Lindo! |
Feira: Semanais, às quintas-feiras.
Tradições festivas: Senhor dos Aflitos (1 de Janeiro), S. Sebastião (2º domingo de Agosto), Senhora da Bonança (2º domingo de Setembro), S. Brás (1º domingo de Fevereiro) e jogos tradicionais.
Valores Patrimoniais e aspectos turísticos: Igreja Paroquial, Forte do Lagarteiro, capelas da Sra. Das Necessidades (Sra. Bonança), de S. Brás, de S. Sebastião e do Divino Salvador, Gruta de N. S. de Lourdes, Ponte de Abadim, vários cruzeiros, alminhas e ninhos, Praia das crianças, ruínas da igreja de Bulhente, rio Âncora, Dólmen da Barrosa e alto do monte do Calvário.
Artesanato: Barcos de pesca e miniaturas em madeira e gesso.
Gastronomia: Parrilhada de peixe e de marisco, cabrito à serra de Arga, arroz de marisco a moda do portinho, caldeirada à Tio Feito, torta de marisco, bacalhau à S. Lourenço da Montaria, sardinhas recheadas, bacalhau dourado, peru estufado e recheado à Meira, bolinhos de coco e doces de romaria.
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Espanha à vista |
ASPECTOS GEOGRÁFICOS
Vila Praia de Âncora, faz parte do concelho de Caminha e pertence ao Vale do Âncora, tendo aí os seus limites estabelecidos na seguinte ordem: a Norte, a Freguesia de Moledo; a Nascente, a Freguesia de Vile; a Sul, o rio Âncora e a Freguesia de Âncora e a Poente o Oceano Atlântico.
Esta freguesia tem um clima de uma amenidade surpreendente, está aconchegada das ventanias, encrostada em colinas sobranceiras de encantadoras paisagens.
Em 1991, ainda 15,2% dos residentes activos se ocupavam da agricultura, contra 31,2% que se empregavam na indústria e já 53,6% no terciário. A tendência para uma evolução rápida e positiva do terciário, assenta fundamentalmente no ramo do turismo e no equilibrado aproveitamento do mar, do rio e do campo ainda rural que rodeia a vila. Esta zona rural, onde, segundo a opinião dos responsáveis da Junta de Freguesia, ainda trabalham 4% dos activos (a maioria como complemento e não como actividade principal), espraia-se desde o Monte do Calvário (local de belíssimas paisagens), pelo lugar da Rocha com todo o seu tipicismo rural e artesanal, até ao lugar do Chão da Lameira com hortas e vinhedos e a Vile, Varais e Bulhente, já nas encostas da Serra de Arga.
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Para as refeições económicas - Espaço pequeno mas agradável. Boa cozinha. |
A capacidade hoteleira é boa e um dos pilares do desenvolvimento turístico. Diga-se que neste aspecto, também não falta animação e capacidade para atrair turistas: Desde as praias fluviais e atlânticas, neste caso com destaque para a dita Praia das Crianças (um areal de águas tranquilas em que o rio e o mar se acalmam mutuamente para benefício da pequenada), até as maravilhosas margens do rio Âncora, à gastronomia regional, ao magnífico panorama visto do Monte do Calvário, até ao património edificado, em que sobressai a Matriz, o Forte da Lagarteira, as Capelas de Nossa Senhora da Bonança, de S. Brás, do Divino Salvador, de S. Sebastião, etc.
RESENHA HISTÓRICA
A freguesia de Vila Praia de Âncora já aparece mencionada na documentação do séc. X, então com a denominação de Gontinhães. Era uma paróquia com igreja e que estava organizada muito provavelmente segundo a fórmula ancestral de Villa rústica, à qual pertencia o sítio chamado da Lagarteira.
Esta paróquia de Santa Marinha de Gontinhães atravessou mais de 1000 anos de história local e de tal forma a denominação se enraizou, que ainda é usual na região, tal como ainda há quem chame de Gontinhães a Vila Praia de Âncora, até porque, na verdade só em 1924, a secular Gontinhães se transmutou em Vila Praia de Âncora.
Toda a região é rica em vestígios arqueológicos, quer do Neolítico, quer da cultura Castreja (Idade do Ferro), mas o vale do Âncora tem atraído a especial atenção dos arqueólogos. O rio nasce na Serra de Arga e após 15 km chega ao mar num sítio a 7 km, a sul da foz do rio Minho. No sítio chamado Lapa dos Mouros, pode ver-se aquele que é provavelmente o Dólmen mais notável da pré-história em Portugal (o Dólmen da Barrosa).
Nos finais do século passado, Martins Sarmento deu a conhecer uma povoação castreja, hoje conhecida por Cividade de Âncora. Trata-se dum monte, excepcionalmente bem situado para cumprir missões defensivas entre o mar e uma ampla área circundante, habitada pelo menos até ao séc. I d.C.
Os romanos terão aqui instalado um entreposto mineiro para recolha dos metais que exploravam nas minas de Ribô, Orbacém e Gondar. Talvez por ter existido aí um entreposto com cais de embarque, se tenha gerado a ideia de que os romanos teriam baptizado o sítio com o nome de âncora, por aqui desembarcarem as suas tropas e aqui embarcarem o minério. Essa é a ideia de Argote. No séc. XIII generalizou-se a lenda de que teria sido na foz deste rio que o rei Ramiro (o da lenda de Gaia), afogou a sua adúltera e saudosa esposa com uma mó atada ao pescoço como se fora uma âncora... Ao que tudo indica no entanto, o nome é anterior e tem origem no nome que o próprio rio já teria. Quando a paróquia foi formada, ainda o sítio onde hoje está Vila Praia de Âncora seria completamente desabitado, principalmente por ser um sítio aberto e exposto aos constantes ataques dos piratas normandos. O mesmo Argote diz que aqui terá existido um fortim para vigilância e aviso. Por isso a paróquia inicial se fundou na “Villa” de Guntilares (dum tal Guntila) mais no interior e mais resguardada. Esta “Villa” teria resultado duma acção de presúria efectuada pelo Conde Paio Vermudes, aquando do repovoamento desta faixa do litoral até ao Lima (séc. IX) ou por um seu vassalo que se chamaria Guntila. O mesmo que terá povoado Bulhente.
O topónimo já está documentado nos finais do séc. IX, altura em que parte das terras da Vila foram doadas ao Mosteiro de São Salvador da Torre. Data de então a primeira igreja consagrada como era usual, a Santa Marinha. Os tempos posteriores foram bem difíceis e desastrosos devido às razias muçulmanas e a foz do Âncora deve ter-se tornado um dos sítios mais perigosos de toda a costa norte. Era um ancoradouro que dava para um vale rico e fértil, por isso muito cobiçado e também frequentemente assaltado. Daí que uma outra Villa, a de Saboriz, provavelmente fundada no sítio actual de Vila Praia de Âncora, tenha tido uma vida precária, embora a documentação a relacione com uma Venda Velha ou com uma Pousada necessária para esta zona de muita passagem (séc. X) entre Braga e Tui.
Igreja Paroquial, Forte do Lagarteiro, capelas da Sra. Das Necessidades (Sra. Bonança), de S. Brás, de S. Sebastião e do Divino Salvador, Gruta de N. S. de Lourdes, Ponte de Abadim, vários cruzeiros, alminhas e ninhos são patrimónios existentes da freguesia de Vila Praia de Âncora.
Só em 1924, por força da Lei 1616, de 5 de Julho, passou a denominar-se Vila Praia de Âncora.»
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